Há dias dizia a uma amiga que é raro não gostar de um filme.
Deve ser por não ser esquisita que gostei deste.
A fotografia é muito boa e a música com género inesperado.
As meninas ficam com as “vistas” lavadinhas porque os elementos masculinos não são nada de se deitar fora e isso ajuda bastante ao sucesso. O Nate do Gossip Girl faz uma perninha mas há para todos os gostos.
Mais uma fita para não me lembrar (como quase todas) daqui as uns tempos e quem sabe rever.
É engraçado como foi escrito há uns séculos atrás e faz um sentido tremendo hoje.
Um livro que já me estava a acompanhar há algum tempo, aquele que andava a saborear lentamente.
E custou-me imenso acabá-lo. Queria se prolongasse ainda mais. Queria continuar a deleitar-me com cada frase, cada palavra. Daqueles livros onde cada vírgula faz sentido.
Onde paramos a cada ponto para reflectir. Para rir, para chorar, para pensar muito.
Ao ouvir pela primeira vez a explicação da teoria da evolução das espécies nunca pensei que fizesse sentido a outros níveis. Estava sentada numa secretária ao lado da minha amiga SD, católica extrema, que me chegou a segredar que não acreditava em nada do que não fosse a criação do Homem por Deus. Preferi continuar a ouvir professora entusiasta do que ligar ao que ela dizia.
Hoje penso que a selecção natural ocorre a cada momento na nossa vida. Entusiasmos, escolhas, pretensões, inibições, opções, desejos, aspirações, desilusões, fazem que cada instante seja selecto, único. Nós próprios sofremos provas para que no final sejamos o exemplo darwiniano.
A verdadeira busca da perfeição imperfeita para conseguirmo-nos adaptar.
Mini-S. no meio dos casais amigos num cinema não unissexo perto de si só foi ver o Mr. Clooney ontem.
Gostei da não convencionalidade da história. Do homem não ser o sacana sem coração do costume e as mulheres também mentirem e terem as suas fraquezas. Adorei a forma como se abordaram as fragilidades. O final deixou-me uma sensação de aperto.
Ainda não percebi bem porquê mas revi-me nele. Mais cedo ou mais tarde descubro a razão.
Por não querer perder o contacto, por achar que perdia muito por não lhe falar, por sempre achar que era boa pessoa fui mantendo a ligação. Mesmo quando a iniciativa só partia da minha parte.
Durou algum tempo mas as sucessivas desilusões não compensam que se mantenha. Querer acreditar que as desculpas que quando chegavam eram dadas à pressa mas pensadas são verdadeiras permitiu que resistisse tempo demais.
Querer que o vínculo perdure só porque em tempos foi bom, marcou imenso do meu crescimento, não é suficiente. Afinal as coisas têm que se ir cultivando para se manterem.
É muito triste ter que desistir das pessoas. Principalmente das que gostamos. Muitas vezes é necessário. Para nos deixarem de fazer de parvos, para nos protegermos, para seguirmos em frente. Males forçosos que (eventualmente) desaparecerão sem, no entanto, deixarem alguma mágoa e moldar-nos a forma de agir.
Gosto das ruas claras, da calçada que não permite saltos altos, das pessoas com a sua maneira muito própria. Gosto das diferenças marcadas, do clima, do ar apressado que respira a todos os passos.
Sempre que lá vou é a correr e sinto sempre uma vontade enorme de voltar.
Já tinha saudades de andar de comboio. Decididamente gosto de velocidade, aviões, comboios, até carros, venham eles.
Adoro Portugal. Estamos mal. Sou mais da opinião que podíamos estar bem pior mas isso dava outra conversa.
Junto à janela olho a paisagem salpicada pelas gotas de chuva. Como se de propósito toca a música “Please don’t stop the rain”. Please don’t, pelo menos até chegar ao destino. A paisagem pintalgada do mar, das dunas, dos rios, das pontes, do céu cinzento é bastante agradável.
Aveiro. Os chuviscos dão lugar ao sol. O senhor do lugar de trás, sem pedir licença, baixa o estore e o meu campo de visão diminui substancialmente. A minha liberdade termina onde começa a dos outros. Ao menos teve o discernimento de não o baixar totalmente. Não sei se aguento duas horas assim limitada.
Não me apetece acabar o livro que ando há muito a saborear, “I gess I’ll try again tomorrow”.
Baixo-me na cadeira para conseguir vislumbrar o verde dos pinheiros em contraste com a cor do céu.
O cheiro dos almoços embrulha-me ainda mais o estômago que desde ontem anda às voltas.
Tenho que aumentar o volume ao rádio. O granizo a bater no metal é ensurdecedor.
Passou e o sol já espreita outra vez, mas pouco.
Não acredito, o homem de trás baixou o estore até ao fundo. Deve estar a gozar comigo. Respiro fundo! Se calhar adormeceu encima dos botões porque não pára de subir e baixar de quando em quando. Já tem idade para se deixar de brincadeiras, deve ter algo mais grave do que um “problema de expressão”.
Uma hora de viagem. Coimbra e o parvo de trás sai. Subo o estore até ao cimo.
Entram para a minha frente uns senhores engravatados. Uma das gravatas é verde alface, ainda se usa? São super profissionais. Sacam do portátil e no meio do ar sério com uns sorrisos marotos à mistura começam a teclar desenfreadamente principalmente porque a net não funciona como devia. É dos carecas que elas gostam mais? Não generalizando este até é giro. Não sei o que quererá dizer mas a música que começa “all of my life where have you been”. O meu amigo ainda não disse nada sobre logo à noite… “She lives in a fairy tale”.
O cheiro ao estufado continua insuportável. A vista pela janela distrai-me. No meio das casinhas brancas acaba sempre por se destacar uma amarela, ou de azulejos. Estas últimas fazem-me lembrar casas-de-banho.
Os pássaros preferem voar a estar nos ramos avermelhados oscilantes. Alguns arriscam alienar as vacas castanhas que parecem não se importar com a sua presença.
“Can you feel my heart is beating”. A chegada ao destino aproxima-se e o coração começa, tal como o comboio, a acelerar, o estômago continua zangado, as pernas a ficar irrequietas. Respiro fundo porque não há razão para tal. Fecho os olhos e deixo que “drops of Jupiter” me serenem.
Vou a uma entrevista de emprego para o qual não estou interessada.
Para a primeira vez vale a pena tentar numa situação para a qual não é mesmo a sério, certo?
Além disso espero que a viagem sirva para reencontrar um amigo que já não vejo há muito tempo. Vamos ver ser desta vez os nossos horários coincidem. Estou ansiosa, irrequieta (resta saber se pela primeira ou segunda razão).
Ando a tentar ir arrumando as coisas gradualmente agora que não tenho grande coisa para fazer e preciso delas organizadas aquando da partida já próxima.
Ao rever objectos, trabalhos, textos, antigos acabo por reviver situações, momentos que adoro recordar.
Mas no momento de me desfazer de coisas que não fazem falta, sem valor sentimental, acabo sempre a pensar se não me fará falta, um dia.
Vou-me desfazer de imensa coisa agora, hoje já comecei, mas aquela sensação de perda ainda paira. Conhecendo-me como me conheço até sair tudo de casa ainda sou capaz de ir resgatar qualquer coisinha.
Irritam-me as pessoas que só “dão sinal de vida” quando precisam de alguma coisa. Para satisfazer um momento em que se sentem mais sós, porque precisam de algo que temos, porque querem sair e não têm companhia porque a habitual não está disponível.
Sei que um dia deixarei de lhe dar jeito, porque já não estarei tão disponível e nas mesmas coordenadas geográficas. Estou preocupada? Nem um bocadinho. Considerei-as em tempos amigas, mas por conveniência, não obrigada. As reais e verdadeiras é que importam. Com estas fico infeliz com as suas tristezas e muito contente com a sua felicidade, com o seu sucesso (a propósito, Parabéns A., mereces!)
Quando atenderes o telefone sorri sempre. Do outro lado saberão.
Mas quando do outro lado pressentem indisposições quando não existem? Passamos largos minutos a tentar explicar que está tudo bem para alguém que não está muito predisposto a acreditar.
“Mas demoraste imenso tempo a atender, o que estavas a fazer?” Metes-te na tua vida?
“Como está o tempo aí?” Inverno, frio, chuvisca. “Por cá até esteve bom.” Não perguntei nada. Posso não ter interesses meteorológicos?
“Ai esqueci-me do que queria falar.” Não faço ideia porquê.
Já a desligar: “De certeza que está tudo bem?” WTF, está tudo! Posso ter momentos de não total euforia só porque ligaste?
Há alturas em que parece que tudo o que andamos a ouvir faz um sentido tremendo. Como se fossemos desfiando e entrançado as meadas, descobrindo o novelo, descosendo as linhas. Enquanto este processo de descoberta vai decorrendo por vezes torna-se importante ter cuidados com as agulhas, com os nós, e prolongar no tempo a emoção do empenho.
Mais importante do que descobrir é estender ao vindouro e não deslembrar. Por isso os últimos acontecimentos fizeram recordar a verdadeira essência do ser que foi apregoada há tempos muito recentes. Constituo-os aqui uma prelecção a evocar permanentemente.
Ser fiel a si próprio.
Tratar todas as pessoas da mesma forma é um sinal de carácter. Sem olhar a distinções, a hierarquias, a cargos, a diferenças, a semelhanças, a atitudes, a exigências, a disfarces. Somente como exijo que me tratem. E se há quem não mereça, ser educado, nada mais.
Como habitualmente tenta-se minimizar o acontecimento e o normal Até já, Até amanhã, Até logo é pronunciado como todos os dias.
O depois é que não é assim tão fácil. Recordam-se situações específicas em que as amizades acabaram por se desvanecer pela distância ou fortalecer-se ainda mais. Tenta-se profetizar. Começa-se a pensar em como tudo será diferente e prever o futuro só é agradável para a Maya.
A reter: aproveitar os últimos momentos sem pensar neles como um adeus.
Já andava para ver este filme desde que saiu mas nunca se proporcionou. Foi hoje. Amei.
Já não me lembrava da última vez que passei um filme inteiro com as lágrimas nos olhos e um sorriso nos lábios. Sou lamechas, sou chorona, sou romântica.
“I want to be a somebody’s Gerry someday”. Não é o que andamos todos à procura? De um grande amor?
Daqueles que nos tira o fôlego a cada beijo.
Que nos aperta o peito quando pensamos nele.
Quando o seu abraço nos faz sentir seguras.
E mesmo assim felizes sofremos a pensar nos ses, no futuro, no ainda.
E o seu olhar nos acalma e diz que ficará, será tudo bem.
E ficará.
Nada será perfeito mas terá a perfeição ideal.
Um dia eu quero o meu Gerry. Eu quero ser o Gerry de alguém algum dia.
Parece que as “férias forçadas” não vão demorar muito a passar e não vão ser assim tão extensas como estava à espera.
Isso é bom porque a partir de hoje não tenho nada de útil para ocupar os dias e mesmo as séries, filmes, livros, arrumações e passeios fazem transparecer que vão rapidamente se sumir pelo meio do vasto espaço temporal.
É mau porque a imensa incógnita do momento seguinte ainda não se resolveu. As dúvidas permanecem enquanto o tempo para pensar nelas é infindável e por isso tornam proporções colossais.
Conheço muita gente que dava uma unha para estar a tocar violinha nesta altura do ano mas o ser humano é bastante confuso. Só lhe faz falta o que já não tem e perdeu e não dá valor a coisas que depois pensa como foram boas. Vou ter muitas saudades mas estou a começar a gostar da ideia de mudar de ares, de vistas, de interesses. Não me posso queixar dado o cenário e resolvi que as coisas coloridas são bem mais agradáveis. Deprimir porque acabou, porque nada será como antes não ajuda a que o futuro melhore para além de tornar o presente meio sombrio. Para além disso adoro aviões!