quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Nova década


Só agora me apercebi que vai começar uma nova década.

Para mim vai começar uma nova vida.

Vão começar novas surpresas, novos “ses”, novas e muitas decisões.

Os enigmas vão ser novos. As alegrias e as tristezas vão ser novas.

As metas vão ser novas. A partida não vai ser a habitual.

Os lugares antevêem-se novos. Haverá muitas pessoas novas, espero.

Novas sensações, novos pressentimentos.

Novos suspiros, novos mistérios, novos atalhos.

Novas saudades, novos projectos, novos sonhos.

Que a nova década que agora vai nascer seja repleta de coisas óptimas, novas. E principalmente novos sorrisos, muitos sorrisos.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

So far so good


É giro que quanto mais fazemos as coisas negras elas se revelem coloridas.

Ser uma pessimista quase sem remédio tem-me mostrado que as coisas nem sempre são como as pintamos. Afinal as “férias” têm corrido bem e há imensos sorrisos sem razão, daqueles que apetecem :)

Os pensamentos naqueles que estão longe permanecem, nas imensas coisas que há para fazer enquanto não faço nada e os dias até têm sido muito agradáveis.

Às vezes o pessimismo compensa porque já estamos à espera de algo mau e quando surge algo bom é muito melhor.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Viagens


Adoro toda a antecipação de andar de avião. Desde a chegada ao aeroporto, o check-in sempre a pensar se levo todos os documentos necessários, se o excesso de bagagem será demasiado e a menina simpática faz cara de má e diz “Sabe que tem bagagem a mais. Vai ter que pagar”. Nessa altura penso “M…@! Para a próxima quando a mala deixar de querer fechar é sinal que não posso lhe meter mais nada dentro. Ainda por cima cada quilo que vou pagar dava para comprar mais umas coisinhas que podiam fazer parecer o regresso mais distinto.”

Depois a chegada à sala de embarque em que primeiro que passemos no detector de metais é o terror. É o fecho das botas que apita, os botões das calças de ganga, até os aros do soutien bastam para aquilo apitar e sermos literalmente apalpadas. Tenho sempre a sensação que vou deixar o relógio ou o bilhete naqueles tabuleiros que fazem lembrar a venda de peixe. E quando sou hiper rápida a retirar tudo, a guardar o portátil, a vestir o casaco, dou por mim mais relaxada na zona das lojas, dos cafés – a verdadeira sala de embarque. Onde dá para ver a chegada dos aviões, as pessoas ansiosas da partida, os telemóveis que não param. Já nesta fase estou em alerta, a observar tudo e todos ao mínimo pormenor. A história da sala de embarque desta viagem: um casal já com alguma idade, americanos, falavam sobre o Natal e sobre as decorações de um casal vizinho. Ela dizia que este ano queria uma árvore a sério, de verdade, natural. Ele perguntava: “No jardim?” e ela com um espantado “Não! Na nossa sala. Já não suporto o cheiro a pó que a nossa de plástico deita todos os anos. Quero relembrar o cheiro a Natal e para ser perfeito temos que ter uma árvore a sério”. O senhor não parecia muito convencido. Dei por mim a pensar que uma relação que parecia durar há já alguns anos continua com aquele tipo de divergências, tão mínimas. E eles pareciam entender-se tão bem. Tenho a certeza que iriam encontrar uma solução óptima. Não consegui saber o desfecho porque eles deram as mãos e continuaram a conversa na fila de entrada.

É também na sala de embarque que olho atentamente para ver se reconheço alguém. É quase sempre uma tarefa infrutífera dados os meus escassos conhecidos na terrinha. Desta vez reconheci uma pessoa que me lembrava da escola, mas nem nos aproximamos.

É engraçado também ver que há pessoas que tentam abordar outras. Uma equipa de futebol da 1ª liga a olhar para a reduzida saia de uma menina que se atrapalhava a cada passo com um embrulho enorme. E riam-se imenso. Os dirigentes é que não pareciam contentes com os seus atletas. Não pelos comentários mas pelas queixas de alguns deles de cansaço e fadiga muscular. No tempo deles é que faziam de tudo para jogar, deitavam-se cedo, não reclamavam, davam o litro mas agora esquecem-se de tomar os injectáveis vitamínicos, deitam-se de madrugada e reclamam quer joguem quer fiquem no banco. E faziam questão que as pessoas ouvissem os seus palavrões. Apesar de já estar habituada quando é logo atrás do nosso ouvido torna-se mais estridente mas afinal estamos no norte “carago”.

A entrada propriamente dita para o avião finalmente acontece e a recepção é sempre feita com um sorriso. Já reconheço a tripulação. Pensava que ia ficar à janela mas calha-me um lugar no corredor ao lado de uns velhotes. À minha frente vai um moçoilo lindo, olhos azuis, sorriso descontraído. Ainda pensei em meter conversa mas nestas alturas a coragem falta sempre, impressionante. Mas gostei de pensar que não era só eu que não me incomodava com a excessiva turbulência da viagem, ao contrário da maioria das pessoas se encolhiam nas cadeiras, olhavam para o ecrã nervosas a tentar que o que passava as acalmasse, a procurar um conforto na voz do comandante que de vez em vez falava em português e gaguejava em inglês nem acertando na hora que o relógio que teimava em não andar dava.

Mas o português é uma coisa impressionante. Os meus vizinhos do lado mal sabem que a companhia tem mantas e almofadas pedem logo algumas mesmo quando têm um casaco que rapidamente escondem para não dar tanto nas vistas. E a assistente de bordo já cansada de tantas campainhas distribui mais umas sempre com um sorriso.

Adoro andar de avião. Sinto-me dentro de um sonho, sem espaço nem tempo definido. Adoro por a leitura em dia, sorrir porque o livro me embala, esticar as pernas, enroscar-me na cadeira, dormitar, voltar ao livro, passar para a revista da empresa, pensar, sonhar…

E o comandante anuncia a chegada ao destino. As pessoas tentam todas descobrir terra pelas minúsculas janelas. Eu observo as cabecinhas todas viradas para o mesmo lado excepto o passageiro à minha frente. Este tal como eu parece aliado ao acontecimento. E quando parecia que aquando da aterragem as pessoas se tinham esquecido de bater palmas era puro engano. Se isso se aplicasse a todas as profissões toda a gente batia palmas quando saísse do autocarro, quando saísse do médico, quando acabasse a refeição num restaurante… Passávamos a vida a bater palmas. Será que a tripulação agradece ou acha uma parolice, tal como eu? Pior é baterem palmas quando o trem de aterragem está a sair do compartimento e depois ao aterrar outra vez.

A saída do avião é outro momento. Apercebemo-nos do clima húmido, da brisa molhada, do calor subjectivo e esperamos que a nossa mala seja das primeiras a sair daquela passadeira que teima em não começar a andar. Desta vez a sorte está do nosso lado e saímos rapidamente, a porta automática abre-se e vemos do outro lado uma imensidão de gente ansiosa de abraços. E os abraços chegam e duram por momentos em que parece que acordamos do nosso lugar intocável que a viagem nos transportou.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Voos



Amanhã vou voar. O tão esperado regresso a casa outrora tão desejado agora não é minimamente entusiasmante.

É engraçado que perante as mesmas situações em diferentes alturas nos sintamos tão diferentes.

E o pior é que me sinto mal por não partilhar da alegria dos que anseiam a minha chegada.

Já estou tão habituada a uma vida que ainda o ano não começou bem vai mudar drasticamente que me apetece prolongar cada segundo nesta cidade que adoro. Custa-me deixar os meus hábitos, os meus momentos e voltar à terra me faz lembrar que daqui a pouco tempo será definitivo. É quase uma antecipação do futuro.

Normalmente é ao contrário. As pessoas vêem-se obrigadas a sair do seu cantinho e não aguentam de saudades e querem muito voltar. Eu já fui assim mas agora se pudesse ficava. Mesmo sabendo que as coisas não serão as mesmas? Não. E é por isso que não vou ficar, vou voltar e vou pintar o futuro que me foi apresentado numas linhas muito ténues. Tento pensar que as coisas que queremos muito numa dada altura podem não surgir mas que as que parecem as piores oportunidades podem se revelar as mais surpreendentes experiências. Espero que seja assim.

A euforia de fazer a mala há uns tempos atrás foi trocada pela preguiça, até não poder adiar mais. Tem mesmo de ser agora.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ideias para tudo


Notícia da Visão

"Dois dias depois da brutal agressão que mandou o primeiro-ministro italiano para o hospital com dois dentes e o nariz partido, já houve quem mostrasse que praticamente tudo pode ser transformado numa boa oportunidade de negócio.

Se as miniaturas da catedral de Milão - objecto usado pelo agressor - já tinham registado um aumento de vendas, chegou agora a vez de chegar às lojas um divertido boneco de procelana, para decorar os presépios dos italianos. Nada mais, nada menos do que um Sílvio Berlusconi ensanguentado e com uma ligadura na cabeça.

Já sabe, se fora a Itália, aqui está mais um belo souvenir."


Há realmente quem se lembre de cada coisa…

Adorei e gostava de ter o boneco no presépio lá de casa. Estou é indecisa se o colocava à beira das galinhas ou a fazer par com a vaca.