Vivi longe de casa alguns anos.
Longe, com meio oceano pelo meio.
Saí de casa nova, sem idade para
tirar a carta. O meu pai sempre me levou onde quis, a horas, os locais eram
sempre os mesmos. A cidade não é imensamente grande, uma adolescente só tem
interesse em determinados locais. O certo é que nem tomava atenção ao caminho,
só a meta é que importava.
Voltei. Há dois anos, habilitada
a conduzir.
Ainda me vejo perdida quando tenho
que ir a vários sítios. Basicamente tenho que programar a rota, onde deixar o
carro, afinal aquela rua só tem um sentido...
Normalmente ou deixo o carro num
sítio qualquer e faço o resto a pé ou, vou dando voltas, até encontrar o local.
Assim vou descobrindo novos recantos. Sem mapa porque ainda me confunde mais, sem direcções. Tenho muito esse hábito mas quando se tem
horários a cumprir, sítios marcados onde estar, não dá jeito perdermo-nos pelo
caminho. Ou ter que sair de casa mais cedo a contar com possíveis atrasos. Ou palmilhar
calçada portuguesa de saltos na expectativa de encontrar o sítio e ele é bem
mais longe do que estamos à espera.
Gosto de sentir que a minha cidade
ainda me surpreende e cada vez gosto mais de cá viver mas ao mesmo tempo podia
ser bem mais fácil encontrar(-me).
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