Há uns tempos um pássaro entrou pela chaminé e ficou retido na lareira.
Ouvia barulhos na zona, aproximei-me várias vezes mas não via nada estranho. Até que me apercebi que era um pardal farrusco desorientado que tentava sair pelo vidro fosco.
Fechei todas as portas para as outras divisões e abri as janelas e portas para o exterior. Fui buscar uma vassoura para tentar indicar-lhe o caminho e finalmente abri a porta da lareira.
Não foi fácil, sujou o teto de preto mas finalmente conseguiu encontrar a saída.
Hoje acordo com uns barulhos estranhos. Parecia a janela a bater. Sabia que tinha a janela ligeiramente aberta mas estava trancada, não podia estar a bater. Deparo-me com um pássaro a insurgir-se contra os vidros da sala. Dava balanço, atirava-se sem medo, de cabeça e não desistia.
A relembrar o outro acontecimento mantive os procedimentos e tentei guiá-lo com a vassoura mas este era mais rebelde, menos desorientado, e da mesma forma que entrou pela fresta minúscula da janela, meteu-se atrás do frigorífico.
Aí não o podia ajudar. Ainda abanei o eletrodoméstico mas nada. Deixei-o estar mas mantive as janelas e portas abertas para o exterior.
Uma hora depois saiu disparado pela porta. Como se tivesse estudado o caminho mais rápido e eficiente até à árvore mais distante.
Casas diferentes. Sítios diferentes. Pássaros diferentes. A mesma sensação de algum simbolismo associado.