Nos últimos tempos apercebi-me de certas coisas que só contava acontecer nas telenovelas.
Tarde.
Traições dissimuladas em casais que consentem. Normalidade para a maioria. Desconfiança certeira. Traição subentendida.
Sou antiquada ao ponto de achar que confiança e monogamia são essenciais numa relação séria.
Mas sempre pensei que a única forma de pensar numa relação seria essa séria. Agora dou por mim a pensar que há relações que podem não ser sérias.
Não me fazia sentido estar com uma pessoa só porque sim. A pensar noutra, noutras. Estando com elas.
Parece que há muita gente que acha que sim e acha perfeitamente possível. Chama-se modernidade em tempos em que a poligamia é antiga.
A questão também existe para quem, livre, sabe da posição do outro, parte integrante de um casal assumido. Cúmplice.
Alinhar nessa modernidade é destruir o valor associado ao vínculo que uma relação exige ou simplesmente sucumbir ao momento, ao viver intensamente sem olhar a repercussões?