quinta-feira, 11 de junho de 2015

Pudor



Nos últimos tempos apercebi-me de certas coisas que só contava acontecer nas telenovelas.

Tarde.

Traições dissimuladas em casais que consentem. Normalidade para a maioria. Desconfiança certeira. Traição subentendida.

Sou antiquada ao ponto de achar que confiança e monogamia são essenciais numa relação séria.

Mas sempre pensei que a única forma de pensar numa relação seria essa séria. Agora dou por mim a pensar que há relações que podem não ser sérias. 

Não me fazia sentido estar com uma pessoa só porque sim. A pensar noutra, noutras. Estando com elas.

Parece que há muita gente que acha que sim e acha perfeitamente possível. Chama-se modernidade em tempos em que a poligamia é antiga.

A questão também existe para quem, livre, sabe da posição do outro, parte integrante de um casal assumido. Cúmplice. 

Alinhar nessa modernidade é destruir o valor associado ao vínculo que uma relação exige ou simplesmente sucumbir ao momento, ao viver intensamente sem olhar a repercussões?


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