Adoro receber cartas. Adoro o romantismo associado às cartas.
Estou sempre a espreitar o carteiro.
Entusiasmo-me a ver o remetente, a rasgar o envelope, a desdobrar cuidadosamente o conteúdo…
Infelizmente não recebo tantas como gostaria. As contas e a publicidade são quase a totalidade de um meio que não acho antiquado de todo.
Gosto também de as enviar. Tenho pena é que os selos tenham perdido o formato com bordos picotados. Para mim perderam o carácter.
Em miúda, lembro-me de ter conjuntos de escrita de cartas com envelopes e papel a condizer com motivos florais, coisas de menina prendada, e adorava-os. Escrevia às bonecas, aos desenhos animados… A carta ao Pai-Natal é que teve uma época muito restrita. Fazia-me confusão sobrecarregar de trabalhos um velhote fofo que deveria passar o Natal tranquilamente.
A minha paixão chegou a tal ponto que até já quis trabalhar num posto dos correios. Mas depressa desisti porque as cartas não seriam para mim e não podia ter o prazer de as abrir, de lhes dar a capacidade de me surpreender.
Ohhhh és uma romântica SM!
ResponderEliminar"Hoje não te encontrei na paragem de autocarro, o local onde pela primeira vez trocámos um tímido olhar seguido de um silêncio que revelou mais cumplicidade do que qualquer palavra que pudéssemos ter trocado na altura. Esperei por ti durante quatro horas mas não apareceste e os únicos afectos que experimentei foram os da gélida aragem que me esfriou o coração na ausência da tua abrasadora companhia.
ResponderEliminarHavia tanto que te queria dizer…
Em primeiro lugar, nunca pensei que te que voltaria a ver, daí o meu espanto quando me abordaste ontem na livraria. Não te senti aproximar mas reconheci de imediato a tua suave voz atrás de mim quando me aconselhaste o “Noites Brancas” do Fyodor Dostoyevsky. Mal me voltei, abraçaste-me de forma intensa e apertada, exponenciando o meu grau de surpresa de tal forma que deixei cair o livro do Ernest Hemingway que segurava. Confesso que estranhei o gesto, bastante contrastante com a nossa apática despedida cinco anos antes, quando prosseguimos com a respectiva experiência académica longe um do outro, sem trocar uma última palavra.
Enquanto nenhuma palavra me ocorria, apesar de mil e um pensamentos me percorrerem a mente, aproveitei para te examinar. Meia década passou mas tu continuas na mesma: tão graciosa e sensual. E os teus olhos… Perdi-me a olhar mais uma vez para eles. Sempre tão expressivos e encantadores; simplesmente hipnotizantes. A dada altura deixei de pensar no que quer que fosse. O teu perfume que inalava até o sentir dentro de mim também ajudou a fazer com que desligasse de tudo menos da visão que tinha à minha frente.
Sempre foste o meu norte e o meu sul, todos os meus pontos cardeais, e quando nada o fazia prever, eis que os nossos caminhos se voltam a intersectar. Julguei que já tinha esquecido algumas emoções mas, ao admirar-te naquela livraria, apercebi-me que apenas estiveram enterrados no meu subconsciente, hibernando, à espera de uma oportunidade para despontar, sobrepondo-se a todas as exteriorizações tão insignificantes quando comparadas com esses eloquentes sentimentos.
Agora não consigo deixar de me lembrar daquelas tardes passadas contigo, nas aventuras que partilhámos. Fui atingido por um sentimento de nostalgia e apercebo-me do quanto senti a tua ausência. Mas depois olho para o passado e concluo que não há volta a dar…
Para quê recusar admitir o que sinto? Sinto uma violenta manifestação de tristeza pelo que desperdicei e, ao mesmo tempo, de saudade. Aquela saudade que por mais que me esforce, teima em não desaparecer por entre os reflexos opacos do passado, outrora tão brilhante como uma pedra preciosa, tão aprazível. E, neste momento, tão distante. Mesmo já sabendo que te encontras mais perto agora do que nos últimos anos.
Quando penso em ti, sou invadido por uma exposição de imagens dos teus lábios carmesim, tão amenos e cheios de vida como uma brisa agradável de Setembro, capazes de delinear o sorriso mais perfeito que já tive a oportunidade de receber. Contraste perfeito com os tons do pôr-do-sol, paisagem perfeita para parar o tempo e ficar contigo como outrora aconteceu.
Não posso a explicar a ninguém o que significas para mim, minha musa e ninfa, o quanto gostaria de ter continuado a dar-te tudo o que sempre sonhaste em ter, recitar-te as carícias enquanto escreveríamos a nossa epopeia, ajudar-te a erguer quando estivesses em baixo, elevando-te até ao pedestal onde tão nobre pessoa merece permanecer. Ver-me feliz ao fazer-te feliz a meu lado.
Amo-te hoje e para sempre, em cada instante, na tua presença e na minha ausência. Mesmo que o sentimento já não seja recíproco, mesmo que já não tenha esperança de pode ouvir, de novo, os teus fulgurosos lábios pronunciarem a palavra que mais quero ouvir, enquanto me acaricias a face como eu tanto gosto...
Porque desde que te conheci que só existes tu. E bastas-me!
Hoje e sempre, o teu príncipe “encontrado”"
Pode ser uma carta de amor ou é demasiado lamechas?
As cartas de amor nunca são demasiado lamechas ou sentimentais ou outra coisa qualquer.
EliminarAs cartas de amor só isso são: de amor.
Porque o amor também não tem adjectivos, é singular e sentido por cada um à sua maneira.
Que texto lindo!
Tenho vontade de ler mais. Muito mais que três ou quatro volumes, desse amor.
Continua a escrever, cria um blogue. Porque textos assim merecem ser partilhados.
Apraz-me saber que gostaste. Era esse o objectivo.
EliminarSinceramente, não me seduz muito a ideia de voltar a ter um blog. Já tive dois; ambos encontram-se parados. O que gostava, e tinha sugerido aos outros membros, era de criar um em que cada post fosse um capítulo de uma história. Por exemplo, eu começava, depois vinha alguém que encadeava logicamente uma continuação na minha parte e por aí adiante. A ideia não fez muito sucesso e acabou por não ir para a frente.
Agora limito-me a ir lendo outros bloggers. E, "diga-se" de passagem, tenho mais jeito para ler do que para escrever.
Também tenho imenso prazer como leitora mas relativamente ao "não-jeito" para a escrita não posso concordar. Aliás, é notório o quão estás errado.
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