Ontem vi uma (pequena) entrevista da Paula Rego.
Adorei a senhora.
Adorei a sua loucura de artista, palavras atabalhoadas, discurso lento e idiossincrático.
Gostei da agressividade, assertividade, das pinturas, dos desenhos.
Não percebo de pintura mas acho que, tal como em todas as artes, o que nos choca é bastante válido. Até porque os nossos dias não são fáceis, pintados a pastel e cor-de-rosa. Temos sentimentos negros, visões opacas, vislumbres de contornos definidos a traços fortes.
Não era corajosa a ponto de colocar um quadro dela numa sala minha, onde tivesse que passar todos os dias, e me lembrar da crueldade que é a vida. Mas não posso deixar de admirar a frieza retratada com tanto calor da sua alma, das suas vivências ainda muito ligadas ainda ao regime de Salazar.
Gostei que ela retrate principalmente mulheres. E elas não são perfeitas, numa beleza clássica, até porque essas não existem, diz ela (e eu não discordo). Mulheres banais, que sofrem… E que não pertencem ao passado, que ainda hoje existem, mesmo que o estereótipo tenha mudado a roupa mas não a figura.
Não me dei ao trabalho de “investigar” as interpretações de “quem sabe” da obra dela. Fico com a minha.
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