Voltei ao meu baloiço.
Passei boa parte da tarde a ler, um livro novo que estou a gostar bastante.
Recordei os sons mas outros eram diferentes. A água no lago tinha mais força, as rãs eram em maior quantidade e maiores e coaxavam mais alto. Os pássaros não mudaram e o seu chilrear manteve-se. Os miúdos na escola enfrente continuam barulhentos e o tamanho da bola de basket não parece ser um problema para quem mal consegue ter braços para a abraçar. Os carros continuam a ser uma constante mas já nem dou por eles, consequência de muito tempo a ter que dormir numa rua movimentada. Ao longe oiço o árbitro num jogo de futebol no meio de alguém que grita “aqui, aqui”. Os insectos conservaram o poder de me importunar naquele zumbido irritante e a pousar perto de mim. As cadelas olham-me com ar doce a pedir colo mesmo sabendo que não o vão conseguir, esquecem-se de mim quando surge outra presença conhecida no jardim.
Já não me lembrava de como a madeira pode ser dura e desconfortável. Revolvo-me vezes sem conta a tentar encontrar uma posição simpática sem tirar os olhos das palavras que me transportam para sítios distantes. O momento único eleva-me os pensamentos para outros locais e distrai-me.