Todos os dias ouço um avião. Algumas vezes mais do que uma vez. Algumas vezes é um carro mais barulhento e a minha imaginação.
Todos os dias penso que podia estar nesse avião. Que podia ir a casa.
Ia apreciar a viagem, ouvir as instruções de segurança e nem me ia importar de fazer escala.
A espera pela mala e pela minha boleia nem me iam incomodar.
Ver pessoas que conheço há muitos anos, outras que não me reconhecem, os meus amigos, a minha família.
Somente os seus sorrisos me iriam fazer sorrir.
Ia conduzir o meu carro, cantando, livre por ruas por onde não preciso de olhar para os sinais porque me são tão familiares.
Mesmo assim estou bem por aqui. Ainda.
Custa mas não me abate.
Certamente custar-me-ia muito mais se não fizesse com que cada dia valesse a pena o esforço. Mesmo que algumas coisas não corram tão bem, que a rotina esteja criada e seja monótona.
Porque apesar do (ainda pequeno) sacrifício de estar longe de tudo sei que tenho um apoio. Até mesmo quando esse apoio não o sabe.
Porque, neste momento, não sei qual as opções que teria.
É uma nova experiência mas trata-se da minha vida.
Mas quando olho para trás e sei que o caminho ainda agora começou tudo se torna longínquo. Apesar de já ter tido surpresas. Muitas surpresas, e quando menos espero.
O tempo não voltará, não há máquinas do tempo nem bolas de cristal. Resta o presente. E fazer com que este seja um presente, todos os dias.
E hoje é assim que me sinto. Amanhã é um novo dia, um novo presente.