quarta-feira, 3 de abril de 2013

Juízos de Traições

 

Não sei como se conheceram, não sei o seu percurso. Encontrei-me com eles poucas vezes. Descrevo o que me pareceu, o que ouvi, o que vi.

Conheci-os quando já namoravam há muito tempo. Provavelmente desde os tempos de escola.

Ele parece tímido mas trabalhar no bar dos pais deve-lhe ter trazido alguma desenvoltura. Ela era linda e nada envergonhada. Dava simplesmente nas vistas, pela personalidade que transparece na beleza exterior.

Ela foi estudar fora. Está no último ano. Quando regressava estavam sempre juntos. A ele só se via nas festas, no café, na discoteca, com ela.

Pareciam imensamente apaixonados. Quando se nota nos sorrisos, nos olhares.

Avisaram-no de uma traição. De várias traições. Ele reagiu impavidamente. Porque, respondeu ele, sabia que ela seria o melhor que lhe ia acontecer.

Vai haver quem lhe chamará nomes feios, que condenará a sua apatia, que o congratulará pelo amor incondicional, que será complacente por sentir o mesmo, que lhe tentará fazer olhar para a situação com outros olhos, que lhe falará de amor-próprio, que compreenderá, que não aceitará, que se colocará na mesma situação e visualizará as suas ações.

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