Lembro-me de estar sentada nas carteiras de madeira da primária a responder à professora o que queria ser quando fosse grande.
Disse-lhe professora.
Talvez incitada pela minha mãe que sempre que alguém me perguntava e eu calada pensava que não sabia ela adiantava-se na minha resolução.
Lembro-me que era algo muito comum. As meninas queriam ser enfermeiras, médicas, professoras. Acho que a AP queria ser hospedeira porque o pai trabalhava no aeroporto.
(É engraçado rever essas pessoas hoje e ver quantas seguiram o futuro que pensavam que queriam aos sete anos.)
Os meninos queriam ser mecânicos, advogados, jogadores de futebol, soldados. (O M. confessou-me algures nas nossas conversas que me marcaram que queria ser pescador. Ou seria o seu disfarce de Carnaval? São essas confusões de ideias que me fazem querer voltar a saber dele. Mas não posso!)
Além dos jogadores de futebol, as respostas que hoje ouvimos à mesma questão são bastante diferentes.
Ninguém, hoje, diz que quer ser professora. Talvez ainda se oiça médicos. Mas a maioria responde que querem ser cantoras, atrizes, modelos/manequins.
Não sei o que mudou entretanto.
Talvez as notícias sobre o desemprego mesmo em profissões anteriormente vistas como uma boa aposta de futuro. Talvez o deslumbramento com a fama, o desenvolvimento das revistas cor-de-rosa e a casa dos segredos.
Nada contra os atores, os cantores, porque admiro imenso a vocação e a dedicação necessária para ser bem sucedido nessa área.
Serão os ideais aos seis anos representativos da mentalidade de um futuro?
O certo é que será igualmente engraçado descobrir no que essa geração se irá transformar.