quarta-feira, 24 de março de 2010

Acordares



Acordo cedo quando podia acordar tarde.
Oiço o bebé do andar de baixo a chamar pela mãe. Passa a choro e a grito que se confunde com os gritos da mãe a tentar calá-lo. Passa a chama-la de forma carinhosa para ver se a convence. Ela não vai em cantigas mas não demora muito para que volte.
A vizinha de cima já calçou os saltos e deve estar quase a sair. O namorado ou marido toca a campainha vindo de passear o cão que ainda agora uiva sem se cansar. As cordas vocais dos mais pequenos são bastante potentes.
Olho o tecto sem estrelas, recordo que o meu “verdadeiro” quarto tem estrelas. Este foi o meu quarto mas já não o é. Dentro em breve terei outro ainda. O que vale é que não sou esquisita com camas.
Vêm-me à cabeça imensos devaneios. Terei espaço para tudo o que quero levar nas malas sem pagar excesso? Tenho a certeza que me vou esquecer de qualquer coisa que me vai fazer falta. Hoje tenho que voltar à faculdade e amanhã também, provavelmente, e agora sim, o último vislumbre daqueles vidros por muito tempo. Amanhã também começo uma manobra de diversão para me distrair da monotonia. Logo depois devo partir definitivamente. Ainda não marquei nada por não querer pensar nisso, não querendo antecipar. Penso demasiado em coisas que não vale a pena reflectir.
Já farta de pensamentos profundos matutinos levanto-me, sorrio, cheia de energia. Lá fora chuvisca mas who cares? É um óptimo dia à mesma.

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